quinta-feira, 18 de julho de 2013

A nova mídia participativa: midiaNinja é Facebook + Twitter + YouTube

Domingo, 30 de junho de 2013. Final da Copa das Confederações. Dentro do Maracanã o Brasil enfrentava a Espanha. Enquanto isso, do lado de fora, milhares de manifestantes bradavam gritos de ordem contra a corrupção e o mau uso do dinheiro público. Para boa parte da população brasileira, o evento mais importante daquela noite não era o jogo de futebol.

Inacreditavelmente, nenhuma emissora de televisão cobria o fato. Algo de tamanha importância para o país acontecendo e, mesmo assim, nenhum dos 200 canais das operadoras de tv a cabo estava mostrando com destaque o que acontecia do lado de fora do estádio.

Ficou a percepção de que, não apenas o governo deixou de representar o povo que o elege, mas também que os meios de comunicação tradicionais não cumprem mais o papel de informar.

Algo precisava ser feito. E foi. Se a televisão não mostrava mais o que o espectador deseja acompanhar, então o próprio povo, ele mesmo,  solucionou a questão (o que, aliás, têm se mostrado parecer uma tendência).

Rapidamente organizou-se uma rede de informação com transmissão ao vivo. Pessoas em todo o Brasil montaram uma mídia independente, utilizando seus smartphones para filmagem dos eventos de manifestação que estão ocorrendo no país, com transmissão pela Internet.

Chamou-se esta nova mídia de "midiaNinja" - acrônimo para  Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação”.

Hoje, toda vez que ocorre um evento em alguma cidade do país, há um ninja filmando e transmitindo. O que significa que agora o cidadão tem poder de escolher assistir o que está acontecendo de fato no Brasil.

Há duas formas de assistir às transmissões. Ou através de um computador com acesso à Internet, pelo site http://twitcasting.tv/ que conta com vários canais de transmissão de protesto. Basta acessar o site e utilizar sua ferramenta de pesquisa digitando "midiaNinja". Alguns exemplos de canais são:


A outra maneira de assistir aos protestos de qualquer lugar é através de um aplicativo para celular que pode ser baixado do Google Play Store. Basta clicar no ícone do Google Play Store do smartphone, clicar na lupa para pesquisa e digitar "twitcasting". Aparecerão aplicativos para assistir ao vivo fatos que pessoas registram com o celular.

A grande vantagem do aplicativo twitcasting para celular é que é possível assinar os canais que se deseja assistir e então o aplicativo avisará sempre que ele estiver transmitindo.

O filósofo francês Pierre Levy teorizou em seu livro "Cibercultura" que o surgimento da tecnologia da Internet junto com o advento das redes sociais, traria à tona uma grande mudança no mundo como conhecemos, em função da democratização da informação.  Carlos Nepomuceno (http://nepo.com.br/), jornalista e Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense, acrescentou à teoria a questão do aumento na população mundial, fato que exige novas soluções para os antigos problemas.

Se o advento do Facebook e do Twitter provocaram o que se vê nas ruas hoje, o que há de se esperar do futuro considerando esse novo ingrediente, o da informação chegando ao vivo ao espectador, sem edição, e com comentários de outros espectadores em tempo real, na mesma tela?

Se me pedissem hoje uma definição do twitcasting ou do midiaNinja, eu diria que é "o Facebook com esteróides", ou "o resultado da soma do YouTube, Facebook e Twitter".

Está-se, de fato, entrando em um novo capítulo da história. Para quem acha que o país continua o mesmo, ou que "o gigante voltou a dormir",  recomendo uma segunda análise.

Essa nova ferramenta: a transmissão ao vivo e independente dos fatos, comentada e compartilhada, mudarão definitivamente o mundo como conhecemos. Talvez bem antes do que imaginávamos.



sábado, 22 de junho de 2013

Surge um novo governo: colaborativo e de topologia em rede.


É incrível como os governantes estão perplexos diante do que está acontecendo. Fico pasmo como eles realmente não têm a menor noção sobre o real fenômeno por trás desses eventos. Ouvi as opiniões de alguns cientistas políticos, que chegaram perto.

Então, aqui vai a resposta: O mundo hoje vive uma transição de um modelo piramidal, de topologia hierárquica, para um modelo de topologia em rede. Até então, éramos organizados por um líder alfa, que ocupava a posição mais alta da cadeia, e comandava subordinados em níveis cada vez mais baixos. Ocorre que esse modelo funcionava muito bem enquanto éramos centenas, ou milhares. Mas o mundo de hoje é de milhões e bilhões. Portanto, uma nova solução é necessária para resolver os antigos problemas. Simplesmente não tem como um modelo de topologia piramidal servir para administrar o mundo atual.

E é aí que entra a novidade. A topologia em rede significa que há troca de informações de n para n. Muitos emissores e muitos receptores. Estamos caminhando para nos tornarmos mais parecidos com abelhas, ou formigas. Talvez formigas sejam o melhor exemplo, uma vez que deixam um rastro químico por onde passam, servindo de mensagem para que as próximas que vierem saibam onde procurar alimento, onde há perigo, etc.

As formigas também trabalham por um objetivo em comum: manter o formigueiro bem administrado. Não há liderança e todos contribuem com alguma tarefa, daí o trabalho é realizado mais facilmente e os resultados usufruídos por todos.

Bem, eu conheço essa teoria há cerca de seis meses. Ela é de autoria de Pierre Levy, que previu todas essas mudanças no mundo em 1999, no seu livro "Cybercultura". Ocorre que nunca imaginei que veria isso na prática tão cedo. É o que está acontecendo agora. No Brasil. Basta olhar as imagens dos protestos filmadas dos helicópteros e ver a semelhança com formigas trilhando um caminho e deixando uma mensagem clara por onde passam. Basta ver os trabalhos que têm sido feitos por esse grupo na Internet e compartilhado nas redes sociais. Cada um aparece com uma especialidade: um é bom em computação gráfica, o outro tem uma boa locução, o outro tem facilidade em escrever, e por aí vai... Um trabalho vai sendo feito, uma pauta de reinvindicações rapidamente surge, "do nada".

Veja que todos nós sabemos instintivamente quais são os problemas, como em um inconsciente coletivo. Prontamente formatamos essas informações de forma inteligível, mas o que pra nós é tão fácil de entender, para aqueles que estão engessados no modelo piramidal causa confusão mental.

Estamos, enfim, entrando num mundo novo, numa enorme quebra de paradigma e o modelo de gestão do século passado simplesmente não serve mais. A beleza disso tudo é que estamos vendo a transição acontecer bem na frente de nossos olhos. Estamos realmente construindo algo novo. E, acreditem, é algo bem maior do que um país. É um mundo novo, onde uma nova forma de governar será a tônica.